
Já faz uns 4 meses que não assisto Casablanca, tô começando a sentir os efeitos da abstinência. É nisso que dá entregar a um simples (!) filme o poder de alterar seu estado de ânimo, você acaba se tornando escravo dele pro resto da vida. Qualquer maré baixa que surge, toca a buscar refúgio em Casablanca. By the way, tenho uma reprodução do poster aí de cima na parede do quarto. Tentei me distrair com outras coisas, estratégia fracassada. Na televisão não parece existir um programa que deixe de citar, parodiar ou exibir algum momento marcante do filme. Fui ler o Verissimo que comprei na Feira do Livro, mas não teve jeito. Sempre surge uma crônica em que ele trava diálogos imaginários com o Bogart. Assim não há tatu que resista, vou acabar assistindo a fita pela enésima vez. O pior é que nunca me canso do filme. A começar pela abertura, um mapa mundi sendo exibido enquanto o narrador nos situa historicamente:
With the coming of the Second World War, many eyes in imprisoned Europe turned hopefully, or desperately, toward the freedom of the Americas. Lisbon became the great embarkation point. But not everybody could get to Lisbon directly; and so, a tortuous, round-about refugee trail sprang up. Paris to Marseilles, across the Mediterranean to Oran, then by train, or auto, or foot, across the rim of Africa to Casablanca in French Morocco. Here, the fortunate ones through money, or influence, or luck, might obtain exit visas and scurry to Lisbon, and from Lisbon to the New World. But the others wait in Casablanca, and wait, and wait, and wait.
Daí em diante é só esperar ansioso pelas cenas favoritas. Como quando Ilsa faz um pedido ao velho Sam, após reencontrá-lo:
- Play it once, Sam, for old time's sake.
- I don't know what you mean, Miss Ilsa.
- Play it, Sam. Play 'As time goes by'.
- I can't remember it, Miss Ilsa. I'm a little rusty on it.
- I'll hum it for you. Sing it, Sam.
- You must remember this,
A kiss is just a kiss,
A sigh is just a sigh...
Ao ouvir a música, Rick irrompe furioso pelo salão e dispara:
- Sam, I thought I told you never to play...
Pulando para uma cena posterior: Rick, enquanto afoga as mágoas numa garrafa, desabafa com Sam:
- Of all the gin joints in all the towns in all the world, she walks into mine! What's that you're playing?
- Just a little something of my own.
- Well, stop it. You know what I want to hear.
- No, I don't.
- You played it for her and you can play it for me.
Outro momento memorável, Rick permite ao rapaz búlgaro ganhar na roleta o suficiente para conseguir fugir de Casablanca, evitando por tabela que sua jovem esposa se renda ao assédio do capitão Renault. Quando todos os funcionários do café se apressam a felicitá-lo pela bondade, ele os rechaça a fim de manter a pose de durão cínico. Também é impossível não se arrepiar na parte em que Victor Lazslo, indignado ao ver oficiais alemães entoando uma marcha patriótica, faz com que o restante dos presentes no café cante A Marselhesa em coro.
Tem mais uma batelada de cenas inesquecíveis, mas acho que este post já está ficando longo demais. Se deixarem eu me empolgo e reproduzo aqui todos os diálogos do filme. Ahhh, os diálogos de Casablanca... infelizmente ninguém nem se aproximou da magia daquelas palavras.
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